O plano de resgate econômico de 200 bilhões de euros discutido nesta semana pelos líderes da União Européia inclui uma proposta de 1 bilhão de euros para levar acesso à Internet de banda larga às áreas rurais.
A proposta deve colocar as empresas de telecomunicações do continente contra as companhias de satélites, que afirmam serem as únicas capazes de expandir a Internet de banda larga, ou de alta velocidade, para partes mal atendidas da Europa oriental e dos Alpes até o final de 2010.
Apesar de seu alcance potencial, a tecnologia por satélite ainda é pouco usada para a banda larga, em contraste com a televisão a cabo e a DSL, a conexão por telefone de alta velocidade.
“Sem dúvida estamos interessados em prover esse serviço caso o financiamento seja aprovado,” disse Giuliano Berretta, chefe-executivo da Eutelsat, companhia de satélites de Paris. “As operadoras de satélite, mais do que qualquer outra tecnologia convencional, são as em melhor posição para oferecer esse serviço quase imediatamente.”
Berretta disse que a Eutelsat usaria o dinheiro para subsidiar a instalação de sintonizadores e antenas de satélite em áreas rurais. A Eutelsat planeja lançar o Ka-Sat em 2010, um satélite de ¿ 350 milhões, ou US$ 455 milhões, projetado para disponibilizar banda larga para milhões de lares na Europa.
A SES, de Luxemburgo, opera o satélite Astra na Europa e também prepara uma proposta para o projeto, caso o dinheiro seja aprovado, disse Yves Feltes, porta-voz da empresa. “Isso seria uma grande oportunidade para a tecnologia,” disse Feltes.
Mas o apoio dos líderes da UE, que iniciaram quinta-feira o encontro de dois dias sobre o plano de resgate econômico, não é certo. O dinheiro viria de fundos não gastos do atual orçamento da UE que, sob as regras comunitárias, normalmente retornariam aos países-membros. A Alemanha, que contribui com a maior parte do orçamento da UE e ficaria com o maior reembolso caso o projeto seja rejeitado, se opõe ao gasto.
O gasto com banda larga foi proposto no mês passado por José Manuel Barroso, presidente da Comissão Européia, que defende que conectar mais europeus à Internet aumentaria a competitividade da economia.
Caso o plano seja aprovado, o financiamento europeu pode impulsionar o serviço por satélite como uma tecnologia de banda larga viável na Europa, disse Christopher Baugh, presidente da Northern Sky Research, companhia de Cambridge, Massachusetts, que monitora o setor de satélites.
Na União Européia, 21,7% dos residentes possuíam Internet banda larga em julho, de acordo com a comissão; 107,6 milhões utilizavam serviço DSL ou a cabo e 130.592 via satélite. Apenas 6% dos residentes da UE em média possuíam o serviço por celular.
Até agora, disse Baugh, a banda larga via satélite foi prejudicada pelo custo relativamente alto dos materiais que os consumidores precisariam para ganhar acesso ao serviço. Mas avanços recentes baixaram o custo para algo em torno de 400 euros, incluindo a instalação, de vários milhares de euros há alguns anos. A 30 euros por mês, pacotes de serviços são comparáveis aos de DSL e a cabo.
Mas mesmo se o projeto for aprovado, as operadoras de satélite não serão as únicas a correr atrás do dinheiro. Michael Bartholomew, diretor da Associação de Operadoras Européias de Redes de Telecomunicação, disse que os legisladores europeus deveriam dar incentivos econômicos para as operadoras de redes expandirem, ao invés de gastar dinheiro público.
Tradução: Amy Traduções
Kevin J. O’Brien
Herald Tribune
15/12/08